a mais alta ciência viva









Em 7 de Agosto aconteceu a saída de campo «Serra da Estrela: Os Vestígios dos Glaciares», com orientação de Narciso Ferreira, especialista em Geologia e Geomorfologia da Serra da Estrela. Foi o dia inteiro para saber como nasceu a mais alta serra de Portugal continental, encontrar pedras viajantes, ver pedras polidas pelo gelo, subir aos 1993 metros, procurar queijeiras de pedra, ir do Covão da Ametade ao Vale do Zêzere para dar conta da morfologia glaciar e, de passagem, encontrar as mais importantes falhas geológicas do nosso país (para mais de 200 km de comprimento) e respectivo termalismo. Quem organizou tudo foi a Associação Cultural Mário Gomes Figueira (em Gouveia) com o patrocínio do Ciência Viva no Verão. É claro que tudo isto é fantástico e serve de pretexto para umas boas férias calientes.












três notas de espanto:


[ Primeiro: o mundo é pequeno ]
Narciso Ferreira foi um geo-guia entusiasta, é um geólogo militante e afamado, e escreveu um livro exigente para os senhores do Parque Natural da serra da Estrela que é quase impossível encontrar à venda no próprio Parque e postos de turismo. Fê-lo a meias com Gonçalo Vieira que é geógrafo dos bons, já andou a investigar lá pela Antárctica e ensina Geografia aos vossos professores de Geografia.


[ Segundo: o mal da Serra ]
No dia anterior à saída de campo andei a vadiar pela Serra e às tantas enredei-me na Volta a Portugal em Bicicleta. Tive de fugir tal era a confusão de lixo e barulho - Imaginem um vale glaciar mais engarrafado que a Ponte 25 de Abril. Parece que no Inverno é a mesma coisa: engarrafamentos colossais mal os noticiários anunciam que começou a nevar no Alto da Torre - Ainda por cima têm regadores gigantes para neve artificial. Neste 7 de Agosto tudo pareceu absolutamente grotesco e abandalhado.


[ Terceiro: o quase fim da Ciência Viva no Verão ]
Comparado com anos anteriores o Programa Ciência Viva no Verão de 2004 está minguado. Visitem o site e constatarão que o número de «saídas de campo» diminuiu e nem os materiais de apoio têm disponibilização on-line (pesquisem no ano 2003, 2002 ou 2001; podem baixar documentos muito bons para compreender o Portugal que existe sob os nossos pés). É uma pena que acabe por sufoco uma das mais interessantes iniciativas de divulgação científica. Felizmente ainda foi possível introduzir pela primeira vez o «Engenharia no Verão».