A escavação arqueológica ocorreu ao longo do Verão de 2009, no largo Mário Chicó, junto à fachada norte da Sé de Évora.
Por informação directa dos arqueólogos presentes confirma-se que foram encontrados inúmeros esqueletos e vestígios datados do século XVII mas, porque o lugar sempre foi densamente povoado, é provável encontrar vestígios de épocas anteriores.
"Não é uma vala comum. A quantidade de enterramentos humanos deve-se ao uso do espaço como cemitério nas proximidades da Sé catedral sendo prática normal até ao século XIX. Tratando-se do principal cemitério antigo da cidade de Évora, em época Medieval e Moderna, é habitual a grande concentação de sepulturas da população urbana num espaço tão reduzido. A época do cemitério ainda não está definida, integrando-se na época moderna (provavelmente séc. XVI-XVII.
A escavação continuará até atingir o substtrato geológico do lugar, pelo que se prevê descobrir fases mais antigas da ocupação da cidade de Évora (época Romana e época Medieval)"
adaptado da nota informativa de Félix Teichner, empresa Arkhaios, afixada no sítio da escavação.
adaptado da nota informativa de Félix Teichner, empresa Arkhaios, afixada no sítio da escavação.
Resta dizer que a escavação está integrada no Plano de Intervenções Municipais da CM de Évora, no âmbito do Programa Acrópole XXI, que vai intervencionar parte do centro histórico eborense.
Portugal e geopolítica no século XVII
adaptado de http://guerradarestauracao.wordpress.com
A Guerra da Restauração, 1641-1668
A Restauração da Independência é a designação dada à revolta iniciada em 1 de Dezembro de 1640 contra a tentativa de anulação da independência do Reino de Portugal por parte da dinastia filipina, e que vem a culminar com a instauração da Dinastia Portuguesa da casa de Bragança. É comemorada anualmente em Portugal por um feriado no dia 1 de Dezembro.
O esforço nacional foi mantido durante vinte e oito anos, com o qual foi possível suster as sucessivas tentativas de invasão dos exércitos de Filipe III e vencê-los nas mais importantes batalhas, assinando o tratado de paz definitivo em 1668.
Numa fase inicial, entre 1641 e 1646, houve operações ofensivas por parte do exército português, desencadeadas sobretudo a partir da província do Alentejo – o principal teatro de operações durante toda a guerra.
Depois, o objectivo estratégico passou a ser a contenção da ameaça militar do vizinho ibérico.
Esta fase duraria até 1657. A partir daí, Filipe IV incrementou as incursões militares contra Portugal.
A fase final da guerra seria caracterizada pelo crescimento dos efectivos militares envolvidos em operações e pelas campanhas e batalhas campais que acentuaram o desgaste financeiro de ambas as Coroas.
As perdas e consequências a médio prazo revelar-se-iam mais negativas para a Espanha, cujo exército foi severamente batido em duas ocasiões: Ameixial e Montes Claros.
A paz foi assinada em 1668: para além das dificuldades económicas e financeiras que afligiam os dois reinos inimigos, contribuíram para o definitivo ponto final no longo conflito as circunstâncias políticas internas (em Portugal, o afastamento de D. Afonso VI pelo seu irmão D. Pedro em 1667; em Espanha, a periclitante situação dinástica após a morte de Filipe IV em 1665) e as conveniências estratégicas das potências europeias, com destaque para a França e a Inglaterra.
Évora e geopolítica no século XVII
adaptado de http://guerradarestauracao.wordpress.com
No contexto da Guerra da Restauração, as defesas de Évora foram modernizadas, recebendo linhas abaluartadas, transformando-se numa Praça-forte. Veio a cair, entretanto, diante do assédio e assalto das forças castelhanas sob o comando de D. João de Áustria (Maio de 1663, ocasião em que a Porta da Alagoa foi arruinada), para ser reconquistada um mês depois, a 24 de Junho, pelas tropas portuguesas.
O tumulto do Manuelinho de Évora, em 1637, foi um prenúncio do movimento restaurador. A causa imediata dessas alterações em Évora fora o lançamento de novos impostos.
A revolução começou quando o povo se amotinou em Évora contra os impostos decretados pelo governo em Lisboa. A elevação do imposto do real de água e a sua generalização a todo o Reino de Portugal, bem como o aumento das antigas sisas, fez subir a indignação geral, explodindo em protestos e violências.
O povo da cidade de Évora, deixava de obedecer aos fidalgos e desrespeitava o Arcebispo. Os principais responsáveis pelas "alterações de Évora" terão sido o Procurador e o Escrivão do Povo. No entanto, as ordens para o movimento apareceram assinadas pelo "Manuelinho", um pobre tolo da capital alentejana. Esta era uma forma de manter o anonimato dos impulsionadores.
Durante as "alterações" foram queimados os livros dos assentos das contribuições reais e acometidas casas. Nem os nobres, nem os adeptos de Castela, se dispuseram a enfrentar a multidão enfurecida.
Em simultâneo com o processo da Restauração da Independência, as tropas portuguesas conseguiram expulsar os holandeses do Brasil, como também de Angola e de São Tomé e Príncipe (1641-1654), restabelecendo o poder atlântico português. No entanto, as perdas no Oriente tornaram-se irreversíveis e Ceuta ficaria na posse dos Habsburgo. Devido a estarem indisponíveis as mercadorias indianas, Portugal passou a só obter lucro com a cana-de-açúcar do Brasil.
Évora e geopolítica no século XVI
Um centro regional no fim da Idade Média tornou-se em poucos anos pela acção de seus bispos e a participação popular no esforço da expansão, num dos maiores focos culturais e artísticos do século XVI.Évora condensa 1 século de história de Portugal e chegou a ser vista como a capital do país.Se já D. João II dera mostras de favor régio, com a fundação de S. Francisco, as épocas seguintes confirmaram essa preferência – que dera uma clara opção estratégica – imprimindo à cidade a feição viril de lugar do poder, ainda bem patente nos seus monumentos e na própria paisagem urbana.Da Évora manuelina destaca-se a acção de D. Manuel (1495-1521) de atrair famílias das mais alta nobreza e de cujos palácios (Cadaval, Castro, Vimioso, Gama, Cordovil, Garcia de Resende, etc.) restam ecos dum estilo de vida mais civilizado e elegante, o luso-mourisco ou "mudéjar", e o panteão aristocrático do convento jerónimo do Espinheiro.O Rei reservou-se o Castelo Novo (1518), já de inspiração renascentista, e atraiu artistas e obras, hoje no Museu Distrital e Sé.Mas seria D. João III (1521-57), com o mecenato guiado pelo célebre humanista André de Resende, quem deu o impulso decisivo à renovação da pseudo-colónia romana.Valorizada com obras públicas dignas duma capital, qual Nova Romana, a urbe viu as primeiras construções renascentistas de iniciativa oficial, em estilo ainda inicial (uma delas destinada, em vão, a panteão régio) e acolheu uma corte de poetas latinos e artistas de vanguarda.Desde 1537, porém, a corte havia abandonado a cidade, deixando-a entregue ao poder crescente dos arcebispos e da Contra-Reforma.O Cardeal Infante D. Henrique funda uma Universidade para os Jesuítas (1559), bem como o anexo Colégio e Igreja do espírito santo (1566), as quais reagem contra o livre Humanismo promovendo um gosto despojado e liso ("estilo chão") que combina uma alta sofisticação intelectual com o rigor do dogma.Dessa nova conjuntura, em que a Filosofia neo-medieval foi rainha e a arte reduzida a instrumento, resta um conjunto notável de obras de arte que fazem de Évora a verdadeira "capital do estilo chão": do polo colegial à urbanização do convento de Stª Helena do Monte Calvário e à Praça do Giraldo, frente à matriz de Santo Antão, onde Afonso Álvares demoliu sem mercê um belo pórtico romano para desafogar a fachada e a fonte (1570).Foi o virar da página para um Classicismo seco, duro e austero.